O deputado estadual Dr. Bernardo Amorim (PSDB) avaliou, em entrevista ao Diário do RN, a exploração política feita pela oposição sobre as decisões recentes do Tribunal de Contas da União (TCU) envolvendo a gestão da governadora Fátima Bezerra (PT), e destacou que não vê sinais de corrupção na condução do Governo Estadual. Segundo o parlamentar a atuação da oposição tenta atingir uma clara credibilidade que a gestão Fátima tem até agora.
“A oposição se aproveita, claro, porque o grande trunfo do governo Fátima é que você não pode, em política, perder a credibilidade. Se perder popularidade, você reverte. Agora, o governo não perdeu credibilidade por isso: não tem escândalo de corrupção. Se houver uma crise de credibilidade com eventos dessa natureza, é um complicador”, disse.
Dr. Bernardo afirmou que não acredita em irregularidades por parte da equipe da governadora, com base no que conhece das pessoas envolvidas na gestão: “Eu não quero crer, pelo que conheço do pessoal do governo, que tenha esse tipo de coisa. Pedro Lopes, Cadu, Álvaro Bezerra, Silvio Torquato, Aldemir Freire, são pessoas muito centradas. Não vejo esse ‘toma lá, dá cá’, essa negociação”, garante.
Ele ressaltou ainda que recebeu uma defesa da Secretaria de Educação sobre a licitação de R$ 50 milhões para aluguel de Chromebooks, suspensa pelo TCU. “Eles mostraram que, em outros estados, esse mesmo aluguel foi até cem reais mais caro do que aqui no RN. Eles defendem que a coisa é legal e que os preços estariam dentro dos valores praticados no país”, afirmou.
Zenaide e carreira solo
Durante a entrevista, o deputado também comentou a situação da senadora Zenaide Maia (PSD), diante da pressão que a pré-candidata à reeleição vem sofrendo, de um lado, do grupo governista – ao qual o deputado faz parte, e de outro, de Allyson Bezerra (UB), parceiro político que pertence à ala à direita.
Ele reconheceu que a conjuntura tem se tornado difícil para a parlamentar, inclusive para ele, que é seu aliado e declarou voto nela para o Senado.
“É uma situação complicada para algumas lideranças, inclusive para mim, que sou ligado a Zenaide. A situação no Estado está muito nebuloso. Realmente fica difícil para ela ter parceria tanto com Styvenson, quanto com Fátima. Ela vai ter que, realmente, fazer carreira solo. É uma situação muito complexa”, observa.
Dr. Bernardo apontou que o movimento de Styvenson Valentim (PSDB) em se lançar ao Senado ao lado de Álvaro Dias (Republicanos) tem como objetivo justamente impedir que Zenaide cresça na disputa. “Styvenson tenta ser candidato a senador junto com Rogério [ao Governo] e Álvaro exatamente para isso. Porque se sair ele e Zenaide, o segundo voto dele iria para ela. E ela ainda teria o segundo voto de quem vota em Fátima. Agora, se sair ele e Álvaro, o segundo voto da direita vai pra Álvaro. É estratégico. Ele precisa enfraquecer Zenaide”, disse, acrescentando que Styvenson não quer aceitar Allyson para ter “que aceitar a reboque Zenaide”.
Cadu Xavier precisa “sair da bolha do PT”
Ao avaliar o contexto eleitoral do grupo ao qual faz parte, Dr. Bernardo também comentou a pré-candidatura de Cadu Xavier (PT) ao Governo. Ele reconheceu que o nome cresceu nas últimas pesquisas, mas ponderou que é preciso alcançar outros segmentos do eleitorado.
“O crescimento foi substancial. Ele conseguiu ultrapassar a barreira dos 20%, e isso é importante, porque as pessoas querem fazer o voto útil, votar em quem tem chance. Mas ele precisa sair um pouco da bolha do PT, porque ele é um político que consegue penetrar em outros grupos, até no empresariado”.
O deputado citou como exemplo recente a participação de Cadu em convenções do PT em Apodi e Janduís. “Eu acho que não é por aí. Precisa aparecer com outros grupos também. Eu não vejo problema ser ‘o candidato de Lula’, mas se ficar só com o PT, é complicado”, finalizou.
BRUNO BARRETO