A defesa do terceiro réu pelos atos de 8 de janeiro a ser julgado no Supremo Tribunal Federal (STF) disse nesta quinta-feira (14) que ele veio a Brasília para evitar que o país se tornasse uma “Venezuela”.
A advogado Larissa Lopes de Araújo, responsável pela defesa de Matheus Lima de Carvalho Lázaro, afirmou que o réu é inocente e foi alvo de “lavagem cerebral” porque ele sequer sabia o que significa intervenção militar.
“Mas na cabeça dele isso era bom para o país. Para ele, a intenção da ‘intervenção militar’ era proteção do Exército, para que o país não virasse uma Venezuela”, declarou. “Veio para um sonho, um ideal de um Brasil melhor”.
Araújo em diversos momentos chegou a embargar a voz e teve que limpar lágrimas do rosto com um lenço. Ela questionou a regularidade do processo e do julgamento pelos atos de 8 de janeiro. Disse que tinha o sonho de ser ministra da Corte, mas que hoje se envergonha do Tribunal.
Segundo a acusação, Matheus Lázaro invadiu o Congresso em 8 de janeiro, e foi preso na região da Praça do Buriti, a cerca de 5 quilômetros da Praça dos Três Poderes.
Ele é acusado de cinco crimes pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por ter participado dos ataques que levaram à invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília. São eles:
- Abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
- Golpe de Estado;
- Dano qualificado pela violência e grave ameaça, com emprego de substância inflamável, contra o patrimônio da União e com considerável prejuízo para a vítima;
- Deterioração de patrimônio tombado;
- Associação criminosa armada.
- Conforme a advogada, não há provas, como imagens, de que Lázaro invadiu prédios públicos. Segundo ela, o réu não teve tempo de vandalizar os locais, de acordo com fotos registradas em seu celular.
- “15h53 ele estava em cima do telhado [do Congresso]. As 16h36 está ele lá em cima, do lado do Congresso, lá pra cima. 16h45 tá ele lá perto da rodoviária”, afirmou.
- “Em que momento o senhor Matheus teve de entrar nos três prédios e quebrar tudo? Em cinco minutos, só se ele fosse um super-homem. Com poderes especiais. Como ser humano, um menino, 23 anos, com um filho recém-nascido. Nasceu agora, quando ele estava preso. Acabou de completar 24 anos, preso”.
- Ela também disse que não se pode relativizar a presunção de inocência. “A constituição não permite que o princípio da inocência seja quebrado. Ninguém será considerado culpado, e quando falo culpado me refiro a chamá-los de golpistas, terroristas e outros nomes pejorativos antes do trânsito em julgado”, declarou, em uma referência indireta ao relator, Alexandre de Moraes.
- Nesta quinta, o STF já analisou o caso de outros dois réus. Condenou Aécio Lucio Costa Pereira a 17 anos de prisão, multa de R$ 44 mil e indenização de R$ 30 milhões por danos morais coletivos a ser paga solidariamente (em conjunto) com demais condenados. Ele invadiu o Senado.
- A Corte também formou maioria para condenar Thiago de Assis Mathar a uma pena de 14 anos de prisão, além de multa e indenização, pela sua participação nos atos de 8 de janeiro. Ele invadiu o Palácio do Planalto. Seu julgamento foi suspendo para aguardar a manifestação do ministro Luiz Fux, que não estava no plenário no momento.
- Esses casos são os primeiros relacionados aos atos de 8 de janeiro julgados pelo STF.
FONTE- CNN BRASIL