POR ANNA JAILMA -JORNALISTA

No Bar Copo de Ouro, cidade de Ipueira, no Seridó do Rio Grande do Norte, tem um chocalho nas mesas, caso o cliente precise chamar alguém para informação ou pedido. As mesas e cadeiras são de madeira rústica. Há bastante carranca no espaço, mas todas sorridentes, e o cardápio está esculpido, com várias opções, inclusive os pratos mais famosos: peixe frito e o rubacão.

O proprietário do Bar Copo de Ouro é Inácio de Loyola, filho de  carpinteiro e ceramista. Ele cresceu com o sonho de ser marceneiro. Na juventude, com ajuda de seu pai, Inácio comprou uma marcenaria e chegou a fazer móveis para vender. Neste mesmo comércio, era vendido pão caseiro, doces, pastéis e bolacha de leite, que sua mãe fazia.

Depois de casado, morando na casa dos sogros, Inácio continuou com a marcenaria e fazendo pastéis com a esposa, para vender na lanchonete, até que sua mãe o presenteou com um terreno no centro de Ipueira.

Eu trabalhava na marcenaria, na lanchonete, e construía minha casa. Fui pedreiro e servente durante seis anos, até que vim morar nesta casa, com minha esposa. O Bar Copo de Ouro existe desde 2009, e é agregado. Lembro que não tive dinheiro para comprar as portas e fui no sitio de meu sogro, cortei varas para fazer, e fiz”, conta Inácio de Loyola.  

A partir da criação do Bar Copo de Ouro, Inácio passou a transformar a madeira morta da caatinga em arte. Ele tem amizade com alguns proprietários dos sítios, então pede para retirar a madeira morta da caatinga.

Temos amizades com donos de sítio e peço permissão para entrar nos sítios e catar. Saio de casa para os sítios com um cuscuz numa vasilha e uma água na garrafa. Só pego o que morreu com a seca e retiro o que preciso, não retiro além. Trago comigo somente o que vou usar”, afirma Inácio de Loyola. 

Ao relembrar sua trajetória, esculpindo peças para o seu comércio, Inácio comenta que a peça mais demorada, foi uma carranca. Viajando para o Mato Grosso, Inácio encontrou carrancas na Rodoviária de Petrolina, Pernambuco, e guardou a “inspiração”.

A peça que mais demorei a fazer foi minha primeira carranca. Eu só tinha a ideia. A inspiração foi aquela de Petrolina, e só fiz 25 anos depois, a base de machado, serrote, enxó e formões. Foi um mês para concluir, mas, fiz com nosso estilo, do povo seridoense. Nós seridoenses somos alegres, então, minhas carrancas são sorridentes”, diz Inácio.

Sobre a inspiração para criar, Inácio de Loyola destaca que vem de repente, e acredita que vem de Deus. “O reconhecimento do público é muito bacana, mas eu digo sempre que agradeçam a Deus, por Ele ter me usado”, conclui.

Na pandemia, o Copo de Ouro não funcionava, mas Inácio Loyola não parou de produzir. Ele fazia de madeira, tábuas de frios, fruteiras, travessas para peixe, e vendia em frente ao Bar. Hoje, ele diz que não tem como fazer encomenda, porque a demanda do Bar não permite.  Para seguir o Bar Copo de Ouro @copodeourobar.

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Essa reportagem faz parte do projeto “Saiba Mais de perto”, idealizado pela Agência SAIBA MAIS, e financiado com recursos do programa Acelerando Negócios Digitais, do ICFJ/Meta e apoio da Ajor.

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