O cantor evangélico Abrahão Costa denunciou em seu perfil no Instagram, no último sábado, uma funcionária do Habib’s de Vila Madalena, região nobre de São Paulo, por proferir ofensas racistas a ele ao chamá-lo de “157” ( artigo do Código Penal que trata de roubo).
O caso ocorreu quando o jovem, acompanhado de um grupo de artistas, resolver deixar o local com a alegação de ter encontrado uma esfirra estragada. A loja, no entanto, teria cobrado uma taxa extra pelo “desperdício” do produto, valor que os amigos não concordaram em pagar.
Costa narra que tentou acionar a Polícia Militar para denunciar o episódio, mas os agentes que se dirigiram ao local teriam se negado a dar prosseguimento. Procurados pelo GLOBO, nem o Habib’s nem a Secretaria estadual de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) responderam ao contato até a publicação desta reportagem.
Em um vídeo gravado no momento da discussão e publicado no Instagram do músico, é possível ouvir a funcionária debater com um amigo branco de Costa. Após este colega afirmar que é proibido cobrar a taxa de desperdício, o próprio cantor acrescenta que poderia mostrar a lei em questão à atendente. “Você tem 157 nas costas, né?”, responde a voz feminina ouvida nas imagens.
O caso ocorreu na tarde do último sábado, por volta das 17h. Segundo Costa, o gerente chegou a acatar a argumentação dos clientes de que a cobrança pela taxa de desperdício feriria o Código de Defesa do Consumidor, encaminhando o grupo ao caixa. Lá, entretanto, outra funcionária teria proferido as ofensas.
— Ele (o gerente) entendeu e nos mandou ir ao caixa, mas a atendente, que havia levado a esfirra para a gente, quis cobrar de qualquer jeito. Meu amigo falou que não iria pagar e ela se alterou — contou o músico ao GLOBO. — Ela me perguntou em que lei estava isso e, quando eu mostrei, foi o momento em que ela falou que eu tinha “157 nas costas”. Ela direcionou a ofensa a mim, e quem estava falando era o meu amigo branco.
Em seguida, o grupo acionou a Polícia Militar através do 190. Segundo o cantor, os agentes levaram pouco mais de 30 minutos para chegar, período no qual a funcionária teria se mantido debochando dos jovens. Costa afirma que, mesmo após se apresentarem, os PMs se negaram a dar prosseguimento ao caso:
— Eles (policiais) chegaram primeiro de moto e depois vieram outros em viatura. Mostramos o vídeo, e um deles disse que realmente dava para ouvir a ofensa, mas que não poderia realizar o boletim devido à jurisdição de seu atendimento. Já o segundo, que veio depois na viatura, veio fazendo perguntas e afirmou que aquilo não era racismo.
O advogado do jovem, Leonardo Borges, informou um boletim de ocorrência online será registrado, e que o Ministério Público também será acionado ainda nesta segunda-feira. O GLOBO questionou o Habib’s sobre a cobrança da taxa de desperdício e sobre o comportamento da funcionária, mas não obteve retorno. O mesmo aconteceu com a SSP-SP, que não respondeu sobre a postura dos policiais que atenderam a ocorrência.
Fonte: O Globo