POR ANNA JAILMA ( JORNALISTA ) /Agência SAIBA MAIS

Diariamente em Caicó, é perceptível pessoas na missão de tentar suprir a necessidade de alimento e água aos animais de rua. Nos bairros, no centro, em toda parte, há os protetores de animais que, incansavelmente, desempenham esta missão.

Na zona oeste de Caicó, Priscila Candice Faustino Rocha, de 38 anos, tem esta missão de alimentar animais de rua, assim como sua mãe, dona Terezinha Maria Faustino Rocha, de 55 anos. Priscila mora no bairro Barra Nova, e, para todo lugar que vai, leva um pouco de ração na bolsa, porque se aparecer algum animal com fome, ela tem como amenizar a necessidade.

Ela conta que o início foi há quase 10 anos, em 2014, quando percebeu nas proximidades de casa, animais abandonados.

Meu coração me colocou no lugar deles. Desde então, todos os dias, pela manhã cedinho e à tardinha, eu e minha mãe temos este cuidado de oferecer alimentos e água.  À noite, minha mãe até coloca alguns para dormir na área daqui de casa, com receio dos veículos que passam pela rua. Mas temos todo cuidado com a higiene do ambiente que eles ficam resguardados”, destaca Priscila Candice.

Priscila diz que alimenta aproximadamente 15 gatos e 2 cachorros, e sua mãe alimenta cerca de 40 animais na proximidades de casa. Mesmo sendo um número significativo de animais, Priscila percebe quando algum deles desaparece dos locais que costuma ficar, e faz busca nos arredores tentando localizar. Além da ração, ela e sua mãe compram mortadela, salsicha, fígado e moela, para misturar à ração. É uma forma de aumentar a quantidade de alimento, com um custo mais barato que a compra de ração.

Quando surge necessidade de cuidado com veterinário, Priscila conta que elas custeiam com recursos próprios e muitas vezes, contam com ajuda de ONG local, mas ressalta que é uma luta árdua.

Muitas vezes contamos com a ONG Ampara, que tem Gracinha Maia como responsável, inclusive quando ela recebe apoio através de emenda do município de Caicó, também contribui com ração. É muito difícil a luta pela causa animal, sofremos discriminação, preconceito, mas, não vamos deixar de fazer!”, assegura Priscila Candice.

Assim como Priscila e sua mãe, a professora Esmeraldina Medeiros, tem o cuidado com animais na zona leste do município, de forma que todos os dias faz o percurso da UFRN até o bairro Vila Altiva, disponibilizando água e alimento para cães e gatos. Com uma sacola nas mãos, com grande quantidade de ração, e um tambor com água, ela segue caminhando pelas ruas, indo ao encontro dos animais.

Esmeraldina diz que desde a infância, tanto ela quanto os irmãos, tinham animais de estimação, mas o cuidado com animais de rua começou em 2010, quando percebeu a quantidade significativa de animais abandonados pelas ruas de Caicó. Em 2013, com outras pessoas interessadas na causa animal, Esmeraldina conseguiu abrir a Associação Caicoense de Proteção aos Animais e o Meio Ambiente (ACAPAM).

Suerda Medeiros me chamou para dar entrevista em seu programa na rádio e começamos a discutir sobre formar uma ONG. Convocamos pessoas para uma reunião em auditório da rádio, e encaminhamos documentação para fundar uma ONG. Em fevereiro de 2013, abrimos de fato a ONG, alugamos um sítio, com a ‘cara e a coragem’, sem recursos, e abrimos a ACAPAM”, relembra Esmeraldina.

Depois de permanecer à frente da ONG por dois anos, a associação passou a ser coordenada por outras pessoas do mesmo grupo de protetores de animais, mas como dava assistência aos animais debilitados que encontrava nas ruas, Esmeraldina acabou tendo muitos animais em sua própria casa.

Fiquei à frente da ACAPAM por dois anos, depois vieram outros sucessores que faziam parte do mesmo grupo e eu comecei também a trazer para casa. Via debilitado, levava pra clínica, cuidava e trazia pra casa. Quando pisquei o olho já tinha uma ONG em casa também. Hoje tenho mais de 40 gatos em casa, tenho 03 cães, e na rua alimento mais de 20 cães na rua, em torno de 60 a 80 gatos na rua”, diz Esmeraldina.

Além deste cuidado com os animais de casa e os de rua, que segue alimentando todos os dias, Esmeraldina tem um foco na sua causa, que é a castração. Assim, todos os meses ela leva uma gata de rua para uma clínica e custeia a castração. Como solução para a situação dos animais de rua, ela explica que é fundamental uma Clínica Veterinária Popular.

O castra móvel não é a solução, porque a política de castra móvel não abrange animal de rua. Para castrar animais de rua, deveria ter um espaço para o pós-operatório, que dura de 8 a 15 dias. O interessante seria um Hospital Público ou uma Clínica Popular, com preços acessíveis, para castrar animais de protetores de baixa renda, e também animais de rua, tendo um espaço para o pós-operatório, onde os animais ficassem até que a própria instituição e as ONGs se responsabilizassem por feiras de adoção”, avalia.

Diante da problemática, a protetora de animais aponta uma esperança para quem defende a causa animal, que é a previsão de emendas anuais para os municípios, através do Ministério do Meio Ambiente.

Agora temos o Ministério do Meio Ambiente que abarcou também os animais domésticos, e vamos ter um percentual de emendas, liberadas anualmente para os municípios, destinados para a castração dos animais de rua, então, que sejam criados estes espaços para o pós-operatório”, conclui Esmeraldina.

Essa reportagem faz parte do projeto “Saiba Mais de perto”, idealizado pela Agência SAIBA MAIS, e financiado com recursos do programa Acelerando Negócios Digitais, do ICFJ/Meta e apoio da Ajor.

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